Sunday, April 05, 2009

അര്ഖ്‌‌ിറെടുര ഇ റെച്നോലോഗിയ Televisiva

(A benção, Marx) Desde o surgimento da mais-valia nos idos primórdios das sociedades, notando o constante aumento populacional da Era de Pisces, e passando pelas distintas e demasiadas guerras humanas, a tecnologia está aliada ao sujeito. Mas muito antes disso, quando Prometheus presenteou os homens com o fogo e a noite foi desvirginada, o Homo Sapiens já sedia lugar ao Homo Ludens. Quanto mais garantida se tornava a vida, por engenhosidades tecnológicas, mais liberta a humanidade se sentia para aproximar-se do extraterreno pelos meios lúdicos da prece, da representação, da música, da dança e do esporte. Distinguir a evolução cultural da evolução econômica não é uma tarefa impossível, mas sim a mais estéril.

No início do século XX, os Estados Unidos da América já roubavam o brilho do eurocentrismo, principalmente por meio do cinema, que se tornara uma indústria de fascínio ideológico . EUA e Inglaterra, os rebentos prodígios da revolução industrial, já viviam os tempos modernos (vide Chaplin) de rapidez, movimentação e fluxo. Os habitantes das grandes cidades retomam o seio da família como lugar seguro, diante do crescente estranhamento com o ambiente urbano hostil . Essa afetação narcisista desenvolve uma demanda pela privatização de recursos de manutenção da vida . Em tempos como esse é que a geladeira e o rádio foram trazidos para dentro da residência doméstica. E da mesma forma o broadcasting, uma nova forma de difusão de informação, poderosa no controle e integração social das massas e na supressão de demandas de lazer e informação sem sair de casa.

Em paralelo, acontece o desenvolvimento tecnológico do sistema de televisão que pode remeter até antes mesmo da primeira exibição cinematográfica . Filha de centenas de patentes, a televisão já até teve uma irmã mecânica conforme proposta por Paul Nipkow e levada a sério por John Baird, mas chegou ao seu estado mais definido como conhecemos, quando em 1932, Vladimir Zworykin patenteou um sistema elétrico completo de televisão . A disputa entre os dois sistemas foi até levada aos tribunais ingleses em 1936 numa disputa comercial entre Baird e a Marconi-EMI. A imagem eletrônica venceu essa disputa facilmente diante da obviamente arcaica TV mecânica.

Mesmo institucionalizada e transmitindo, pode-se dizer que nunca houve consenso entre o caráter público e privado das transmissões. A facilmente notável que o meio televisivo é o que menos se importa com uma necessária filtragem daquilo que transmite. Por meio do esgotamento de certos gêneros e repetição – explícita ou subliminar – de pontos de vista parciais, a televisão costuma extinguir os processos de argumento. Como julgar a responsabilidade social e a ética de uma transmissão, sendo aberta ou fechada, de emissora pública ou privada? O telespectador, esse novo sujeito, bem acomodado ao parasitismo receptor, deixa essa tarefa a órgãos reguladores que muito fragilmente podem estar sujeitos às políticas de ideologia e censura do estado, como no exemplo estadunidense da Federal Communications Commission agindo sobre a liberdade das emissoras com forte influência do governo Nixon (1972-73) .

Grande desse parasitismo se deve a um novo ritmo visual e orgânico presente das transmissões televisivas. Mesmo a sociedade estando acostumada ao mosaico imagético que existe nas ruas das cidades, nas vitrines ou nas páginas dos jornais, a televisão apresenta uma característica própria, que podemos chamar de fluxo emprestando o termo de Raymond Williams. Se ainda hoje chamamos alguma unidade televisiva de “programa” é por mera homenagem ao que um dia foi um formato de evento temporário e isolado, como pede o sentido da palavra, originalmente usada nas peças de teatro, ópera, concertos. Em nada se parecem tais eventos com a atual transmissão de TV. No começo, as primeiras emissoras ainda se preocuparam com o sentido original de um programa, com intervalos naturais de suspensão no conteúdo principal. Mas aos poucos, esses intervalos ganharam conteúdos tão importantes quanto o “programa principal”.

Atualmente podemos estar em frente à TV com centenas de canais que transmitem eternamente. Cada canal com seu mosaico característico com logotipos, faixas, camadas de vídeo, e etc. Cada mosaico inserido num fluxo próprio à emissora com os programas gravados, os comerciais, as chamadas de outros programas, e inserções ao vivo. Cada um desses fluxos é apenas uma possibilidade numa gama extensa controlada por um controle remoto. O zapear é a evolução do fluxo, no âmbito do infinito. E essa arapuca não é um luxo acidental, mas uma tecnologia aplicada sobre demandas da sociedade capitalista informatizada. Talvez um presente do moderno Prometheus para opticamente desvirginar pulsões do inconsciente (a benção, Freud).