Sunday, September 30, 2007

Greenaway Go Home!

Peter Greenaway, cineasta britânico e, agora, VJ, está antiquado demais para profetizar o futuro do cinema, sua apresentação dia 30 de setembro, na avenida Paulista, foi como se Sílvio Santos me ensinasse a usar o windows-movie-maker. Antes de iniciar sua bela performance, Greenaway said "I think cinema is dead, do you think cinema is dead?", melhor não responder ainda; mataria eu mesmo o cinema, após uma hora de Greenaway.

O cineasta ficava à frente de um painel (lindo painel por sinal), tocando os vídeos que desejava exibir em cada um dos 3 telões sobre sua cabeça. O que fez, na verdade, foi propor, como futuro da arte cinematográfica: uma "montagem-absurda" de planos curtíssimos com sons sobrepostos enquanto um DJ tentava, do fundo do coração, colocar ritmo naquilo, sem sucesso.

Os planos curtíssimos de Greenaway estavam totalmente atrelados à teatralidade, mal se expressando quanto à imagem-movimento. É verdade que nos advertiu quanto a forma "não-narrativa", mas falhou de novo: cada plano era recheado de letreiros explicativos. Esqueceu-se de muitas coisas fantásticas sobre o cinema que minha geração vê: a arte já não se prende a signos linguísticos e o grande feito de subordinar o movimento ao tempo é uma revolução sutil que não exige 3 telões e caos para surtir efeitos muito, mas muito mesmo, vivos e atuais.

Concluindo, vale lembrar outros cineastas que já procuraram reviver o cinema, propondo a revisão das linguagens através de busca de estéticas, ou formas sociais de produção. Lembra aí vai... o Peter só se escondeu atrás da High Definition revisitando naquilo que o público cult não se fez sábio.


1 comment:

Henrique Cartaxo said...

"...a arte já não se prende a signos linguísticos e o grande feito de subordinar o movimento ao tempo é uma revolução sutil..."

Acho que está aí. O que Greenaway faz é exatamente isso: subordinar o movimento ao tempo. Talvez uma tentativa fracassada de de fazer música para os olhos. O problema é que os olhos não têm a percepção rítmica que os ouvidos têm. A imagem cinematográfica tem que atravessar o plano visual e entrar na esfera mental.

E o que faria a mente pra passear em tamanho caos?